Solenidade de entrega do Prêmio de Jovem Investigador da América Latina ganho pelo (1) Prof. Antonio Cabral e (3) Prof. Vasquez. Destaca-se a Ilustre presença do Prof. Krieger prestigiando a premiação.
This content has been archived. It may no longer be relevant
HOME / GRANDES MESTRES /
EDUARDO M. KRIEGER
Nascimento:
27 de junho de 1928
Nacionalidade:
Brasileira
Campos de Atuação:
Medicina, fisiologia
Prêmiação:
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1994)
Prêmio Anísio Teixeira (2001)
Eduardo Moacyr Krieger é um dos pesquisadores mais importantes do Brasil e nome fundamental na pesquisa em fisiologia cardiovascular. Nasceu em 1928 na cidade de Serro Largo, Rio Grande do Sul. Graduou-se em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (1953).
Em 1953 conheceu o pesquisador Eduardo Braun-Menendez e ficou fascinado por seu entusiasmo pela ciência e sua capacidade de resolver problemas. Reciprocamente, Braun-Menendez constatou o potencial e a capacidade científica do então jovem pesquisador, convidando-o a trabalhar na Argentina. Lá ele se associou ao grupo de cientistas coordenado pelo ganhador do Prêmio Nobel Bernardo Alberto Houssay.
Após esse período, por indicação do próprio Houssay e valendo-se de bolsa da Fundação Rockefeller, Krieger viajou para os Estados Unidos onde deu prosseguimento à sua formação científica na Universidade da Geórgia. Nessa época teve a oportunidade de trabalhar com Raymond Ahlquist, cientista que teve o mérito de visualizar e comprovar a divisão dos adrenoreceptores em tipos α e β.
Em 1957, ainda nos Estados Unidos, Krieger foi convidado pelo chefe do departamento de fisiologia da FMRP-USP, Miguel Covian, a assumir um cargo de professor livre docente na instituição e criar uma divisão voltada à fisiologia cardiovascular. O agora professor encontrou na faculdade um clima científico empolgante, semelhante ao que havia observado no grupo de Bernardo Houssay e Braun-Menendez. Laboratórios de pesquisa excelentes, substancial apoio financeiro oferecido pela Fundação Rockefeller a novos pesquisadores e casas no campus para residênca de pesquisadores em tempo integral são alguns exemplos das condições encontradas por ele favoráveis à pesquisa e ao desenvolvimento da ciência. Isso tornava a instituiçãp atrativa não só para Krieger mas também para diversos outros cientistas convidados a ocupar cargos vagos nos departamentos de bioquímica, fisiologia e farmacologia da FMRP-USP. Inclusive, seu discípulo e coordenador do Museu de Biociências, Prof. Elisardo Corral Vasquez, sempre relata os experimentos eram programados para serem interrompidos pelo soar de um sino às 9h e às 15h. Nesses horários ocorriam coffee breacks servidos pelo “Sr. Júlio”, funcionário da instituição. Eram então momentos de confraternização que se tornaram um ritual semelhante ao que ocorria no Instituto de Fisiologia de Buenos Aires.
Krieger foi pioneiro no Brasil no uso dos ratos Wistar como modelo para estudar a regulação da pressão arterial através do sistema nervoso autônomo (simpático e parasimpático). Com esses animais ele desenvolveu um modelo de interrupção cirúrgica da chegada dos sinais de comunicação entre coração/vasos e o sistema nervoso central. Essa interrupção provoca uma desregulação da pressão arterial do rato. Esse modelo foi inicialmente chamado de hipertensão neurogênica e, posteriormente, passou a ser designado modelo de pressão arterial instável (subidas e descidas abruptas das ondas de pressão).
A carreira do incansável Eduardo Krieger não se restringiu à publicação de trabalhos e à supervisão de novos pesquisadores. Foi um dos três editores que, em 1981, criou a importante e internacionalizada Brazilian Journal of Medical and Biological Research, da qual o Prof. Vasquez foi convidado a editar a sessão de fisiologia.
Presidiu a Sociedade Brasileira de de Fisiologia entre os anos de 1979 e 1985. Posteriormente, Krieger foi fundamental na criação da Federacão de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), da qual foi o primeiro presidente entre 1985 e 1991. Muitos investigadores famosos que trabalham em fisiologia cardiovascular participaram de reuniões da FeSBE durante esse período. Além disso, a organização forneceu centenas de oportunidades para jovens fisiologistas treinarem em universidades de destaque em todo o mundo. Krieger foi um dos idealizadores e presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (1992–1994) e da Sociedade Interamericana de Hipertensão. Por fim, presidiu a Academia Brasileira de Ciências (1992–2007), organização que liga a ciência à sociedade e ao governo.
Em 1985, após se aposentar da FMRP-USP, Krieger aceitou o convite para ser professor titular e pesquisador do Instituto do Coração (InCor) do Hospital da USP. Nesse novo desafio o pesquisador foi incumbido da missão de desenvolver investigações integrativas em fisiologia cardiovascular e hipertensão, transferindo o conhecimento da bancada para a beira do leito.
O Prof. Krieger teve uma carreira notável como pesquisador e professor. Nesse sentido, considerando somente os alunos orientados por ele na FMRP-USP e aqueles orientados por seus discípulos, mais de 200 doutores foram formados pelo seu grupo de pesquisa. Esse número é bem maior se for considerado o período após a aposentadoria do professor, quando ele atuou no InCor. Além disso, dentre os reconhecimentos de sua importância acadêmica, destacam-se: Ordem Nacional do Mérito Científico (1994), concedido pela Presidência da República; Prêmio de Life Achievement (1997), concedido pela Sociedade Interamericana de Hipertensão (IASH, na sigla em inglês); Professor Emérito da FMRP-USP (1998); Homenageado com o Prêmio BIOLAB pela vida dedicada à pesquisa (2004); Homenagem pelos 20 anos criação da FeSBE (2005); Troféu Jorge Pinto Ribeiro (2017), concedido pelo Hospital das Clínicas de Porto Alegre.
Prof. Krieger junto ao seu discípulo, Prof. Vasquez.